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Foto do escritorAnna Karolinna Gomes

PRETAS QUE VOCÊ TEM QUE CONHECER

Atualizado: 20 de out. de 2021

Entrevista com a Day Pedrosa, da Caruru Verde.


Entrevistamos a Day Pedrosa, matrigestora da Caruru Verde, um projeto matrilinear que propõe os elementos da terra como fonte de cura.

Day Pedrosa é mãe solo que já passou por situação de rua, autodidata, terapeuta holística africana e culinarista que abrange na gastronomia e medicina tradicional africana e diaspórica como perspectiva de cura para população periférica.

JAAJ: Day, como surgiu essa sua conexão com os alimentos ancestrais? Pra ti , qual é a importância de nos conectarmos com o alimento?

Day: A partir da linha das matriarcas da família, principalmente minha vó Dolores, mulher negra de pura potência que seguiu seu sonho de ser enfermeira aos 40 anos com 3 filhos, e que me deixou de herança essa conexão com a ancestralidade. A função do nosso trabalho é co-criar caminhos para o povo resgatar os conhecimentos ancestrais e auxiliar no desenvolvimento espiritual; físico e psicológico através do conhecimento sócio cultural. Seja com o alimento ou com as ervas. Aquilo que nossas avós faziam... O que é "mato" hoje antes era conhecido como fonte nutricional e de cura.


JAAJ: Como é o seu projeto de resgate da medicina popular e cura pelo alimento?

Day: A Caruru Verde visa resgatar o que o povo Akan dá de saber, que nunca é tarde para voltar e apanhar aquilo que ficou atrás. Nossos saberes afrodiaspóricos, são apresentados através de práticas e as somadas tecnologias que é esse processo de sabedoria. O pensar holístico africano e dos povos pindorâmicos e a compreensão do viés cultural ocidental que nos desligou do vínculo ancestral com a terra. A Caruru verde visa que todo o conhecimento deve ser passado através do poder da oralidade para poder se manter por outras gerações. O projeto tem a finalidade de desenvolver uma visão do ato de recriar nossos hábitos na cozinha e auto cuidado com o fato de que se aquilombar é reconhecer, cujo diferencial são os usos da matéria prima vegetal, dentro da ética Africana, cultura yorubana e kemética e nativa.


JAAJ: Gostaria que você falasse sobre como foi a introdução alimentar da sua filha em uma alimentação sem crueldade e voltada para os saberes populares:

Day: Foi muito natural. Converso com ela sobre a importância de saber de onde vem o alimento que ela consome. E hoje aos 4 anos ela já sabe até reconhecer as plantas da horta, virou a lagarta. Em determinados momentos temos conversas amplas sobre o consumo de açúcar e tantas outras coisas que são apresentadas a ela, e dou opção do que fornece força a ela e a deixo escolher o que quer. Creio que mesmo criança ela tem esse ato de seguir o caminho que quiser, nossa relação é muito respeitosa uma com a outra.



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